BOLETIM NUCSI - III EDIÇÃO
- NUCSI UCB
- 4 de dez. de 2018
- 7 min de leitura
O NUCSI¹ sabe que as vezes acompanhar as notícias do universo internacional é difícil com a rotina da faculdade. Dando continuidade a iniciativa do Boletim NUCSI, trazemos sua terceira edição! 🎉🎊 O Boletim consiste em temas tanto atuais como em curiosidades, com o intuito de abordar os mais variados temas. 📰
Confira o conteúdo desta edição na íntegra:
O que você deve saber sobre Investimento Estrangeiro Direto Global (IED)
Por: Isabelle Melo e Pedro Miguel
A globalização econômica e financeira, iniciada na década de 1980, gerou profundas mudanças nas transações entre países, bem como nas relações econômicas e políticas a nível internacional. Tais transformações resultaram no aumento do que chamamos de Investimento Estrangeiro Direto (IED), uma movimentação de capitais internacionais para propósitos específicos de investimento à medida que empresas ou indivíduos do exterior adquirem interesses duradouros ou operações em outros países, sendo essa uma prática de grande valia para os Estados receptores e para as firmas.
Por que o IED é importante?
O Investimento Estrangeiro Direto possui uma relevância crescente por sua evolução e influência nas economias mundiais (GREGORY; OLIVEIRA, 2005). Por sua vez, também gera benefícios para os países de uma forma que podem resultar no crescimento econômico em longo prazo. Ademais, tal tipo de investimento possibilita que recursos entrem nos países proporcionando um aumento na capacidade de produção, além de proporcionar à criação de emprego.
O que determina o IED?
Tal questão depende de fatores que definem sua ação nos país. Os investidores internacionais ao buscarem a melhor alocação de recursos usam determinados critérios, dentre eles o tamanho do mercado local, estabilidade, custos e distância.
A variável conhecida como tamanho de mercado evidencia o tamanho do mercado consumidor do país, sendo mensurado através do PIB per capita e da taxa de crescimento do PIB (Nonnenberg e Mendonça, 2005), ou seja, quanto maior a variável mais alta será a probabilidade do país receber o IED. A segunda variável leva em conta o cenário de risco que o ambiente de negócios oferece, sendo avaliado por meio de indicadores macroeconômicos. A terceira variável, por sua vez, está relacionada aos custos mediante à capacidade de obtenção do retorno do capital investido. Por fim, a variável distância leva em conta a proximidade geográfica como fator essencial, uma vez que a distância e aspectos culturais podem explicar o comportamento mostrado pelo IED.
Análise do IED em 2017 e 2018
A carta divulgada no fim do primeiro semestre de 2018 tem uma melhora significativa para o ano de 2017 principalmente ao fato de sintetizar as informações contidas na Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento. Os fluxos internacionais de IED caíram fortemente em relação a 2016 (queda de 23%), com isso, a queda representa uma alteração de 1,83 trilhões de dólares para 1,43. Já quanto ao recebimento de IED, o Brasil foi um destaque tanto em 2017 quanto em 2018, ganhando três posições no ranking, passando da 7º para a 4º colocação. Já a maior economia do mundo, os EUA, manteve a liderança mesmo com 40% da queda na entrada dos fluxos de IED, o que deve ter levado o governo Trump a apostar mais na política externa.
O IED, portanto, representa um aspecto desenvolvimentista e globalizado das relações econômicas e internacionais, e proporciona, além de aspectos econômicos interessantíssimos como citado, também influencia no processo social dos países envolvidos como a criação de empregos. Para países em desenvolvimento como o Brasil, o IED se mostrou um ponto importante como “arma” e ponto positivo na ajuda da consolidação do país no cenário internacional.
A misteriosa morte do jornalista na Embaixada Saudita
Por: Eliezer e Marina Oliveira
No dia 2 de outubro de 2018, Jamal Khashoggi, jornalista saudita, foi à Embaixada da Arábia Saudita em Istambul, Turquia. Jamal providenciava os documentos necessários para se casar com sua noiva turca. Entretanto, após horas, o jornalista não foi visto saindo do prédio, iniciando todo o mistério da situação.
Jamal Khashoggi era um jornalista saudita, autor e ex-gerente geral e editor chefe da Al-Arab News Channel. Ele também serviu como editor do jornal saudita Al Watan, transformando-o em uma plataforma para os progressistas da Arábia Saudita.
Constatado o desaparecimento, graças ao alerta de sua noiva para um dos assessores da presidência turca, a polícia do país começou a investigação que segue revelando detalhes cada vez mais assombrosos. Segundo o governo turco, 15 pessoas, enviadas por Riad, estão envolvidas no caso. Afirmam que ocorreu um interrogatório, agressões e desmembramento de Khashoggi. Após isso, os assassinos saíram do país com o corpo.

(População questiona sobre Jamal. Fonte: Reuters)
Mediante as evidências coletadas pelas autoridades turcas e com a grande operação conduzida pelo consulado, a Arábia Saudita reconheceu que Khashoggi fora morto no local, mas que o príncipe e saudita não tinha envolvimento e nem sabia do acontecimento.
Outra versão foi dada CIA, que no dia 17 de novembro concluiu suas investigações afirmando que o príncipe saudita Mohamed Bin Salman comandou o assassinato do jornalista. Mesmo diante das provas, os sauditas negam.
O caso tornou a relação entre o Ocidente e a Arábia Saudita um tanto hostil. Diversos países cobraram explicações para a Arábia Saudita. Os Estados Unidos, por sua vez, possuem uma postura complicada.
O presidente Trump fez declarações que até mesmo tiraram a credibilidade das investigações da Agência de Inteligência americana (CIA). Além disso, afirmou na última terça-feira (20), que mesmo que os sauditas sejam os responsáveis, o fato não irá afetar a relação bilateral entre os países.
Outros países tiverem uma posição mais firme como a Alemanha que suspendeu a venda de armas até que o crime seja solucionado e estudam a possibilidade de expulsarem os diplomatas sauditas. Como resposta, o príncipe herdeiro retirou o chefe da inteligência, Ahmed Al Asiri, e o conselheiro real, Saud Al Qahtani, de seus cargos, pois são acusados de participação no clima.
A situação, portanto, causou uma grande problemática no panorama internacional. O país pela sua posição estratégica possui muitos aliados no ocidente, mas que precisam rever a aliança frente a tal barbárie e a resolução da mesma.
Curiosidades
A primeira mulher latinoamericana a ocupar o cargo mais alto da Assembleia Geral da ONU
Por: Aline Sabino
Com 128 dos 190 votos válidos Maria Fernanda Espinosa, Ministra das Relações Exteriores do Equador, venceu a eleição para a presidência da Assembleia Geral na última eleição para o cargo que ocorreu em 05 de Junho deste ano. Em segundo lugar, com 62 votos, ficou a embaixadora de Honduras, Mary Elizabeth Flores Flake. A ministra é a quarta mulher a ocupar o cargo após 12 anos sem uma figura feminina no mesmo, tendo isto ocorrido em 2006 quando na ocasião foi eleita Haya Rashed Al-Khalifa, embaixadora do Bahrein.
A ministra é a primeira mulher latinoamericana a ocupar a posição de destaque na organização, sendo algo de extrema simbologia em especial após o longo período sem uma presença feminina em um dos cargos de maior influência da casa. A ministra em seu discurso inaugural ressaltou a urgente necessidade de se discutir a agenda de imigração e refúgio, frente a crise humanitária envolvendo o crescente número de refugiados, em especial sobre os fluxos provenientes da Venezuela.

(A nova presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas. Foto: ONU/ Loey Felipe)
Outro fator curioso e relevante foi o fato da presidente da Assembleia não abrir mão do discurso em favor da igualdade de gênero, um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ODS, elaborados pelas Nações Unidas. Ressaltando o fato de ser uma mulher ocupando este importante cargo, Espinosa não hesitou em defender o empoderamento feminino e combater o machismo, tópicos que serão amplamente trabalhados pela mesma conforme exposto em seu discurso.
A Diplomacia do Futebol
Por: Kelvin Davidson
É conhecimento de todos que o futebol é uma paixão nacional brasileira e apesar de muitas pessoas não concordem, o esporte tem sim um viés político. A diplomacia da bola sempre foi uma ferramenta utilizada pelos Estados com o intuito de fortalecer o seu Soft Power no globo. Na busca por uma concepção externa positiva, as nações visam ao sediar grandes eventos esportivos para investimentos, prestígio e posições de destaque no Sistema Internacional.
A prática futebolística também foi e é responsável por solucionar ou criar mais conflitos no palco das relações internacionais. Tendo como exemplo a Guerra do Futebol, conflito entre El Salvador e Honduras, que se iniciou por conta de jogos de eliminatória para a Copa do Mundo de 1970 e vitimou mais de duas mil pessoas. Outro exemplo é a recente escolha para sede da Copa de 2026 serem os EUA, México e Canadá. Com relações estremecidas por conta das políticas de Donald Trump, os governantes apoiaram e defenderam o discurso de união na América do Norte
Dia da Não Violência Contra a Mulher, porque comemoramos esta data?
Por: Kelvin Davidson
No dia 25 de novembro é celebrada em todo o mundo o Dia da Não Violência Contra a Mulher, data que visa encorajar o sentimento de mudança e justiça sobre esse tipo de violência. Criada em 1999 pela Organização das Nações Unidas, a data tem como origem o brutal assassinato de três mulheres na República Dominicana. No período da ditadura, as irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa eram forte oposição ao regime da época e pagaram com a própria vida, gerando forte emoção no país.

(Foto: Reprodução)
Atualmente, em média, por dia são assassinadas doze mulheres no Brasil. No ano de 2017 ocorreu um aumento de 6,5% em relação ao ano anterior. São números relativamente altos e preocupantes, cabendo a população e o governo fazer uma auto reflexão a respeito dos passos a serem tomados e medidas para combate tais atos.
Para baixar o arquivo visual do Boletim NUCSI e em pdf acesse o link: https://drive.google.com/open?id=1h4yjIJMFrK4v23nolDCkU3iQvLIPPUed
¹O NUCSI é um Núcleo de Simulações Internacionais do curso de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília.
Referências bibliográficas:
Apex-Brasil. O que é IED? Disponível em: <http://www.apexbrasil.com.br/o-que-eied>. Acesso em: 05 nov. 2018. ATELA, Eva Yamila Amanda et al. Determinantes do Investimento Externo Direto: uma análise em modelo gravitacional para o período de crise e bonança das commodities. 2016. Disponível em <https://www.anpec.org.br/sul/2016/submi ssao/files_I/i5-73a54e9d376d71b414cbe1c7a1c027b2.pdf>. Acesso em: 30 out. 2018. BRENNER, Lara. 25 de novembro: Dia Internacional da Não-violência Contra a Mulher. Revista Bula. Disponível em: <https://www.revistabula.com/5521-25-denovembro-dia-internacional-da-naoviolenciacontra-a-mulher/>. Acesso em: 02 nov. 2018. CARMO, Márcia. A primeira latinoamericana no difícil cargo de tentar costurar acordos na ONU. 25 set. 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45629897>. Acesso em: 31 out. 2018. GOMES DA COSTA, Lúcia de Fátima. Investimento Externo Direto – IED: uma análise sobre mudança de conceito e aplicação. Disponível em <http://www.convibra.com.br/upload/paper/2017/35/2017_35_14191.pdf>. Acesso em: 05 nov. 2018.
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