BOLETIM NUCSI - II EDIÇÃO
- NUCSI UCB
- 8 de nov. de 2018
- 7 min de leitura
O NUCSI¹ sabe que as vezes acompanhar as notícias do universo internacional é difícil com a rotina da faculdade. Dando continuidade a iniciativa do Boletim NUCSI, trazemos sua segunda edição! 🎉🎊 O Boletim consiste em temas tanto atuais como em curiosidades, com o intuito de abordar os mais variados temas. 📰
Confira o conteúdo desta edição na íntegra:
Venezuela: do 'boom' à recessão
Por: Andrea Bueno e Felipe Júnio
Entre os períodos de 2004 a 2015, a Venezuela vivia o seu melhor período de bonança de sua história. Tendo uma das maiores reserva de petróleo do mundo, o país era almejado pelos Estados interessados nessa fonte de energia. A Venezuela passou então a criar uma dependência muito grande do petróleo, que passou a ter 96% das receitas do país. O então presidente da época, Hugo Chávez, se aproveitou do contexto para se financiar e aumentar o gasto público venezuelano, que se igualou ao da Grécia no seu pior momento de recessão. Além disso, Chávez adquiriu empréstimos da China e da Rússia, aumentando a dívida externa em cerca de cinco vezes.
A economia da Venezuela não é diversificada, o que resulta na dependência da importação de outros países. A submissão ao petróleo - um produto que oscila muito de preço - fez com a Venezuela entrasse em sua ruína. Em julho de 2014, o preço do petróleo saiu de 98,98 dólares para 47 dólares, alcançando a 35,16 dólares em 2016. Com isso, as receitas caíram de 121 bilhões para 41 bilhões de dólares. À vista disso, a Venezuela se via numa inundação de crise. Segundo o FMI, o PIB retraiu, desde 2013, 45%, de 400 bilhões para 120 bilhões.

(Ex-presidente venezuelano, Hugo Chávez. Foto: AP/ Ariana Cubillos)
O controle nos preços foi uma medida tomada por Hugo Chávez para conter a inflação, mas resultou desestimulando investimentos de iniciativa privada dentro do país, pois a venda era desvantajosa para as empresas privadas, devido aos impostos, o que ajudou a fazer com que os produtos básicos desaparecessem das prateleiras. Esse tipo de dependência do Estado na economia sucedeu em prejuízos para o país. As necessidades da sociedade eram negligenciadas, e uma crise muito maior se alastrava na Venezuela.
Além da problemática na economia, houve outra medida tomada no governo Chávez que desencadeou a atual conjuntura: o controle de câmbio. O objetivo inicial era impedir a fuga de dólares do país, porém gerou uma corrupção interna por parte dos militares e membros do governo. Ou seja, esse desvio ilegal provocou falta da moeda estrangeira dentro da Venezuela, o que aumentou ainda mais o problema de abastecimento.
Com a morte de Hugo Chávez, Nicolás Maduro assumiu o poder, entretanto, a base da economia venezuelana já se encontrava desestabilizada quando Maduro chegou ao cargo, principalmente pelas medidas de controle estatais próprias do chavismo e o modelo de socialismo inspirado pelo bolivarianismo. Com a grande crise, o Estado socialista se via desmoronando.
“A crise venezuelana tem duas grandes causas: o dogmatismo ideológico, que se nega a interpretar a economia, e o gasto público descontrolado para suportar programas sociais com o objetivo de ganhar votos”, afirma o economista Orlando Ochoa. Conforme o especialista, essa distorção se dá graças à natureza de Maduro que não aderiu a escolhas certas, em questões econômicas, e se rodeou das políticas mais radicais de seu antecessor. Em parte, se deu para garantir apoio político em suas eleições e continuar no poder. Porém, com isso, Maduro tem conseguido levar seu país a falência. Inúmeros venezuelanos têm passado por dificuldades, a moeda venezuelana tem atingido seu menor valor em décadas e o apoio que o presidente visava não pode ser alcançado.

(Manifestante venezuelano contra políticas do país. Foto: Marco Bello / Reuters)
Além do exposto, a crise na Venezuela ainda gera aumento de violência no país, que acarretou, em 2017, o registro de índices de homicídios mais altos da América Latina. Ademais, a região se encontra desestabilizada por fatores não só econômicos, mas políticos, na qual se forma uma divisão daqueles que defendem a posição política socialista do ex-presidente Hugo Chávez, e dos opositores, que esperam o fim do Partido Socialista Unido da Venezuela, que gerencia o poder a 18 anos.
A Venezuela, portanto, necessita urgentemente de uma reestruturação política. Porém, essa reestruturação não se dará no governo Maduro, que se recusa a renunciar ou a render o Estado socialista que tentou sustentar. Além disso, os embargos econômicos feitos por países contrários a sua política, como os Estados Unidos, dificultam ainda mais o retorno do crescimento do Estado da Venezuela. Nesse Sentido, o povo venezuelano terá que encontrar forças para lutar contra esse regime brutal, que se não se der por uma revolução civil, terá de socorrer a intervenção externa.
Um novo Czar do século XXI
Por: Nathália Suellen
Czar é o termo utilizado para designar um Imperador Russo. Os imperadores da Rússia governaram por cerca de 300 anos e variaram, constantemente, no poder. O último Czar era conhecido como Nicolau II e liderou o país de 1894 a 1917, quando abdicou. Nicolau II governou a Rússia por 23 anos, até a revolução russa unir a Ásia Central para a formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
No início do século XXI, Vladimir Putin passa a governar a Rússia de modo direto, ou seja, há cerca de 18 anos ele está no poder, sem contar os períodos em que o mesmo se encontrava em altos cargos junto ao governo. A diferença entre o período de governo entre Nicolau II e Putin é apenas cinco anos. Na atual conjuntura internacional, onde a força russa toma precedência, Vladimir Putin poderia ser considerado ou até mesmo, comparado a um Czar?
Putin nasceu em Leningrado (atual São Petersburgo) no dia 7 de outubro de 1952. Sua família era operária, seu pai era um integrante do antigo exército vermelho, sua família vivia no quarto de um apartamento comunitário na cidade onde nascera. Vladimir Putin iniciou sua vida política no Partido Comunista ingressando no serviço de espionagem russo, o KGB.
Putin entrou na política, inicialmente, como conselheiro do presidente da câmara de Petersburgo. Anos depois, em 1994 o atual presidente russo entra de vez na política como vice-prefeito de São Petersburgo. Com a derrota de sua reeleição, Putin se muda para Moscou, onde conheceu o então presidente Boris Yeltsin que o indica para o cargo de administrador de seu governo e mais tarde nomeado pelo mesmo presidente como diretor do Serviço Federal de Segurança (FSB), antigo KGB do qual fazia parte. Em 1999 atinge o cargo de primeiro ministro da Federação Russa. Com a renúncia do presidente Yeltsin, Putin alcança o maior cargo do governo Russo, se elegendo em 2000 como primeiro presidente interino russo.

(Vladimir Putin. Foto: Sputnik / Aleksei Nikolsy)
No início de seu mandato, três meses após se tornar presidente, Putin passa a controlar os canais midiáticos e surpreende o Kremlin com essa decisão impactante. Com o controle da mídia é possível se apoderar da narrativa e prover ou não influência. As tensões russas foram abordadas de modo brando para dar espaço à ação governamental. De certo modo, a intenção do governo era a de informar o mínimo possível à população, porém, por mais controle que o governo possuísse da mídia, a internet torna esse controle ineficaz e volátil.
Ao assumir o poder, Vladimir Putin busca resgatar diversos ideais que permearam a história russa e não se consolidaram, como, por exemplo, a concretização de uma identidade russa, envolta em princípios nacionalistas. Nesse processo de enaltecimento do governo e das capacidades bélicas, em 2014, Putin utiliza o momento oportuno dentro da Crimeia para dominá-la e fundamentar a imponência do país, que fez com que a Comunidade Internacional assistisse a ação de modo inerte. Os conflitos com a Chechênia e o interesse no território Sírio corroboram ainda mais as intenções russas de potencializar a própria imagem.
Você sabia?
Onde está a família Romanov?
Por: Augusto Gorgen
A dinastia Romanov governou a Rússia por mais de trezentos anos, iniciando-se com o czar Miguel III em 1613 e terminando com Nicolau II em 1917, ano da revolução do país. As sucessões ocorreram sempre dentro da família entre netos, filhos e parentes de primeira linhagem. Nicolau II abdicou, em 1917, com muitas revoltas já acontecendo. Os fatos que se seguiram iniciaram a revolução comandada pelos Bolcheviques. Esse foi o ponto de partida para a destruição da dinastia.
No ano seguinte da abdicação de Nicolau II, em plena guerra civil russa, os ânimos estavam exaltados. Os Bolcheviques comandavam a revolução e não podiam correr o risco de alguém da família do Czar aparecer e liderar uma possível contrarrevolução retoma-se o poder. Há ainda controvérsias e discussões sobre o que levou a morte da família do Czar, mas acredita-se que o principal motivo tenha sido esse.

(Família real de Nicolau II, o último tzar da Rússia. Foto colorida: Flickr.com/Olga)
Até 1918 a família do Czar viveu escondida, quando a ordem de matá-los foi dada. A família Romanov foi morta em chacinas ordenadas pelos Bolcheviques. Nicolau II e sua família foram mortos em junho de 1918 com crueldade na primeira chacina. O último assassinato aconteceu em janeiro de 1919. No entanto, apenas com o fim da Rússia soviética, na década de 90, é que essas histórias foram à tona.
Durante o século vinte, histórias e lendas foram criadas levantando a possibilidade de alguém da família do Czar estar vivo. Especulava-se principalmente sobre a princesa Anastásia Romanov. Em 1991, quando os corpos do Czar, de Alexandra e de três dos cinco filhos foram encontrados, os rumores aumentaram. A história só acabou em 2007, quando as últimas ossadas foram encontradas.
Atualmente, algumas monarquias ainda contam com descendentes da família Romanov. Dinamarca e Holanda, possuem ancestrais em comum com esta família, mesmo que de forma distante. A família real britânica também conta com laços fortes dos Romanov. Além disso, Grécia e Espanha ainda possuem o sangue destes.
Mesmo com a tentativa de dizimar esta dinastia, o sangue deles ainda é muito presente na Europa e provavelmente vai perdurar ainda por algumas gerações. Há vários filmes retratando a família Romanov principalmente explorando o “mistério” da princesa Anastásia, como, A filha do Czar (1928) ou Anastásia, A Princesa Esquecida (1956). Há também a promessa de uma série documental sobre toda a família entitulada de “The Last Czars” que deve ser lançada pela Netflix ainda em 2018.
Para baixar o arquivo visual do Boletim NUCSI e em pdf acesse o link: https://drive.google.com/open?id=1gNhd-3QvY3w4oleSjL3MPdhtZEkUaqQr
¹O NUCSI é um Núcleo de Simulações Internacionais do curso de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília.
Referências bibliográficas:
Aventuras na história. Chacina Bolchevique: a execução da Família Romanov. Disponível em: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/notic ias/reportagem/chacina-bolchevique-aexecucao-da-familia-romanov.phtml Acesso: 28 set. 2018.
Ensina. O fuzilamento dos Romanov, a família real da Rússia. Disponível em: <http://ensina.rtp.pt/artigo/__trashed-9/> Acesso: 28 set. 2018.
Ensina. Os Romanov. Disponível em: <http://osromanov.blogspot.com/2017/03/noticias-descendente-dos-romanov.html> Acesso: 28 set. 2018
Isto é. Putin o Czar da era pós soviética. Disponível em: <https://istoe.com.br/putino-czar-da-era-pos-sovietica/> Acesso: 27 set. 2018
Moleiro, Alonso. A Economia Venezuelana, Em Estado de Coma. Diponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/01/05/i nternacional/1515108139_270673.htmlPAIVA.
O Globo. Entenda como a economia da Venezuela entrou em colapso. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/mundo/entenda-como-economia-da-venezuela-entrouem-colapso-22681726> Acesso em: 06 set. 2018.
O Observador. Cem anos depois, haverá paz para os Romanov? Disponível em: <https://observador.pt/especiais/100-anosdepois-havera-paz-para-os-romanov/> Acesso: 28 set. 2018.
Rafael Bianchini Abreu. A tragédia econômica venezuelana. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/blogs/conjunturando/a-tragedia-economicavenezuelana> Acesso em: 26 set. 2018
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