De Sultões a Terroristas: A Mudança de Estereótipos Sobre o Mundo Árabe-Persa
- Ana Laura Dezzen
- 2 de abr. de 2017
- 2 min de leitura

Até algum tempo atrás o estereótipo do mundo árabe-persa que prevalecia era o de sultões, odaliscas, Sherazardes e luxo desde o mundo hollywoodiano até os bloquinhos de carnaval no Brasil. No entanto esse “encanto” foi sendo desconstruído com o passar das décadas de acordo com alguns acontecimentos como a Guerra Civil no Líbano, a revolução Xiita no Irã, os conflitos mais intensos entre Israel e os palestinos e libaneses, extremistas, entre outros. Dessa forma, atingimos o novo estereótipo: o terrorista islâmico.
Repentinamente as cenas nas telas de cinema não eram mais sobre os desertos, príncipes árabes e castelos, mas sim sobre explosões, homens bombas, destruição e calamidade. Por mais que seja, de fato, uma realidade pertinente, levar em consideração que todo islâmico é terrorista não é apenas um erro grave, mas também um enorme e perigoso preconceito. Esse estereótipo é criado ao longo dos anos pela mídia ocidental para reforçar a superioridade de alguns grupos com poder. O árabe e o muçulmano são sempre personagens em uma luta entra o “bem ocidental” contra o “mau oriental”.
O mundo se acostumou a relacionar o mundo muçulmano com a violência e o terrorismo. Apesar de existirem relações entre o terror islâmico e o islã, não podemos atribuir esse extremismo a ele. Sim, integrantes do Estado Islâmico como os da Al-Qaeda e de outros grupos jihadistas têm motivações religiosas, agem em nome do islã e acreditam estar representando seu credo, mas isso não significa que esse é o interesse geral do mundo árabe-muçulmano, aliás, a visão do Estado Islâmico é amplamente rejeitada nele.
Assim, paralelamente ao pensamento de André Lajst, um jovem brasileiro e israelense que escreve para o The Jerusalem Post e para o The Times of Israel, chegamos à conclusão que sim, a maioria dos ataques terroristas hoje é feita por muçulmanos radicais e extremistas, e a enorme maioria das vítimas também são muçulmanos. De acordo com ele, “O terrorismo e o radicalismo islâmico aos poucos estão claramente tentando roubar algo que não pertence a eles: A religião islâmica em si... Uma pequena porcentagem de muçulmanos no mundo são radicais e extremistas comparados com a quantidade de fiéis desta religião. Sabemos que não são um número pequeno de pessoas, porém ainda são a pequena minoria”. Visto isso, é preciso entender como essa generalização afeta esse povo e essa cultura e como contribui para a solidificação da islamofobia.
É claro que o que está acontecendo no mundo muçulmano e em especial na Europa é importante, sério e merece a nossa atenção e preocupação, mas também, acima de tudo, nossa razão. Portanto, é preciso entender que temos nosso papel no progresso de fazer com que radicais terroristas parem de deturpar o islã e o interpretarem da forma como bem entendem. No fim, por mais que discordemos dos valores islâmicos e da cultura, não podemos permitir que o mesmo seja ferido de tal forma e não podemos, jamais, deixar que ele caia na generalização como o grande vilão do mundo ocidental contemporâneo.
Imagem: Oleg Zhukov
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