A Extrema Direita na Hungria: A Questão dos Refugiados
- Lucas da Costa Almeida
- 23 de mar. de 2017
- 2 min de leitura

Em 2013 eclodiu-se a maior crise migratória nas fronteiras Europeias desde a Segunda Guerra Mundial, devido ao colapso de países no oriente médio e África. Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), no ano de 2016 cerca de 300 mil refugiados cruzaram o Mediterrâneo em botes mal equipados de traficantes de pessoas, e 3500 morreram na travessia. Com a chegada desses refugiados ao velho continente, a extrema direita e o sentimento nacionalista e anti-imigrantes ganharam força em diversos países europeus, como na Hungria.
O partido do primeiro ministro Húngaro Viktor Órban (Fidesz) é enquadrado politicamente na “direita” já que a extrema-direita – a qual o governo dialoga - representada na Hungria pelo partido Jobbik, consegue ter um discurso ainda mais extremista. Antes mesmo da crise chegar ao território húngaro, o Primeiro Ministro Viktor Órban já orquestrava seus planos para barrar os refugiados e buscava legitimidade para tal ação. Segundo o próprio chefe de governo em uma entrevista ao português “Expresso”, foram enviadas cartas aos cidadãos húngaros para convencê-los de que o governo deveria tomar medidas rígidas para a imigração e o asilo dentro de suas fronteiras.
O governo húngaro muitas vezes associa o controle de suas fronteiras contra os imigrantes como uma forma de evitar o terrorismo. E não é somente o governo húngaro que associa a recepção de asilados com o terrorismo, mas também sua sociedade. Em um estudo de 2016 do centro de estudos “Pew Research Center”, 76% dos húngaros entrevistados afirmaram quando questionados se achavam que a recepção dos refugiados faria crescer atos terroristas em seu país, logrando a mais alta percentagem entre os cidadãos de 10 países.
A campanha governamental de 2015 contra os refugiados tinha como lema principal “Se vier para a Hungria, não pode tirar os empregos aos húngaros”. Na mesma pesquisa do “Pew Research Center”, 82% dos Húngaros veem os refugiados como um impacto negativo na economia. Segundo a Anistia Internacional, na campanha foram colocados centenas de cartazes no país com mensagens que relacionam refugiados e migrantes com terrorismo e outros crimes violentos.
Segundo Endre Sik do Instituto Tárki que monitora a Xenofobia na Hungria desde 1992, a xenofobia e aversão aos refugiados começou a acelerar na Hungria em 2010 quando o Primeiro Ministro Viktor Órban chegou ao poder, e teve um disparo de crescimento em 2015, atingindo máximo histórico no início de 2016. Portanto pode-se chegar a conclusão de que os húngaros foram bombardeados com todo o aparato de políticas, discursos e propagandas nacionalistas e xenófobas criando e/ou consolidando sua aversão ao estrangeiro – em especial os em busca de asilo – crescer espantosamente.
Imagem: Mikael Damkier
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